Comer pizza todo dia

Amigos, estou embarcando para o casamento de uma amiga, em São Paulo, esses eventos sempre me deixam um cadinho mais emotivo e me ocorreu algo que, na minha opinião, faria sentido compartilhar, mesmo que isso signifique 1. gerar (mais) uma notificação no seu celular em pleno sábado à tarde e 2. dar um jeito de tirar o notebook da mala pra escrever esse trem, mesmo sentado ao lado de um rapaz cujo braço tem a mesma circunferência da coxa da Gracyanne Barbosa.

Talvez soe meio sentimental demais, caso você esteja em uma vibe menos fofa, mas eu achei que valia o risco. É rápido: eu quero te lembrar que não existe nenhuma habilidade mais maravilhosa do que a habilidade de se alegrar com a alegria do outro. Absolutamente nenhuma.

Nossa, Amuri, mas você vai meter essa aleatoriamente, assim, sem sugerir um drinkzinho antes, sem contexto, na raça, pras vinte e duas mil pessoas que recebem sua newsletter? 

Eu vou, amigos – e eu vou porque é algo urgente: não tem maneira melhor de ser feliz do que cultivando um coração mole.

Vez ou outra eu boto um pé ali na breguice? Sim, gente, eventualmente eu enfio os dois pés e afundo até o joelho, nunca neguei, eu gosto do Oswaldo Montenegro e da Alcione, mas o meu ponto aqui, dessa vez, é bem analítico e óbvio.

Todo dia é um dia maravilhoso e inesquecível na vida de alguém e, portanto, pegar carona na felicidade do outro é o jeito mais inteligente de se viver. É quase roubar no jogo, amigos, é tipo poder comer pizza todo dia, com a grande vantagem de não entupir as carótidas, nem destruir o fígado.

Hoje, por exemplo, será um dia maravilhoso na vida dessa amiga querida que vai casar. Se eu conseguir sentir, lá no fundo, um tiquinho do que ela estiver sentindo enquanto troca votos com o companheiro, o meu dia vai ser maravilhoso também.

No início dessa semana, a Marcela, outra amiga nossa, ganhou bebê e ligou para a Gabriela poucas horas depois, enquanto amamentava. Conversaram uns minutinhos e na sequência a Gabriela entrou no quarto falando três tons acima do normal – é o que a Gabriela faz quando está muito empolgada: “Meu Deus, eu tô tão feliz pela Marcela”.

Bom, ela até poderia estar feliz pela Marcela, mas para fins da explicação do aspecto egóico do meu devaneio, isso importa pouco: nada aconteceu na vida privada da Gabriela e, mesmo assim, naquele instante, era no peito dela que a felicidade estava morando.

Não dá pra ser melhor que isso, amigos, e aqui encerramos esse email meio cafona.

Que eu e você cultivemos essa mente ampla que se alegra com o mundo inteiro.

Um ótimo final de semana pra gente.

Heloísa Sanchez