Difícil

 
 

Amigos, este é um registro do encontro que rolou na semana passada, no Febraban Tech, com o Marcelo Junqueira, chefe de educação financeira do Banco Central e a Tatiana Thomé, vice-presidente de governo da Caixa

Eu adorei a conversa, quero compartilhar alguns pontos interessantes com vocês e optei por não agrupá-los em um texto só.

Dia desses parei para tomar café com um amigo e ele me fez uma pergunta capciosa: "pensando na sua rotina, hoje, com as empresas, as aulas, as relações, as possibilidades… o que você definitivamente não quer?". Não precisei nem pensar, a resposta era óbvia para mim: "eu não quero viver com pressa".

Sei que nos dias de hoje esse é um direito luxuoso, permitido aos privilegiados, mas, no que me cabe, nos poucos parafusinhos sobre os quais tenho algum tipo de controle, vou exercê-lo.

Os relatos e comentários virão, portanto, em pequenas doses.

Vamos ao primeiro.

A parte difícil

A concepção. O sonho. A primeira página de caderno. A primeira semana de curso. As primeiras tarefas do projeto. O primeiro quilômetro percorrido.

Tudo isso é bem importante e duro, por favor, não me entendam mal.

O “início” é uma etapa crucial, por vezes penosa, exigente, carente de um rompimento de inércia dolorido.

Mas é a mais fácil.

Turma que escreve livro de auto-ajuda e fala que "é só dar o primeiro passo que depois tudo se desenrola, tudo fica mais fácil", vocês me perdoem, mas isso é uma imensa groselha.

Uma pataquada que só acredita quem chega, dá pitaco e vai embora fazer outra coisa.


Todo mundo que fica pra apagar a luz (e acender no dia seguinte, de novo, e de novo, e de novo) sabe que a parte realmente difícil da jornada é a sustentação.

É seguir acreditando e depositando caminhões de energia quando a paixão pela “nova coisa” já acabou. Quando ela já está remendada, cheia de hematomas, desquitada das suas premissas originais e, principalmente, quando o que resta é simplesmente remover os obstáculos para que ela siga cumprindo seu propósito.

Para mim, este foi um ponto interessante da nossa discussão. Foi confortante escutar o Marcelo, sempre parceiro, preocupado em destacar tudo o que já foi criado, tudo o que já existe e que precisa da nossa energia diária.

Esse é um dos meus desejos mais genuínos para todos os que se envolvem com a educação financeira:

Que não nos falte energia para tocar os projetos já concebidos, que a gente não careça da empolgação inicial (adolescente?) para seguirmos vigorosos, comparecendo, um dia depois do outro.

No longo prazo, a fagulha inicial será detalhe e a diferença virá dos outros milhares de momentos em que seguimos porque sabíamos que tínhamos que seguir.


Nota do autor: Este texto foi originalmente publicado em minha coluna no Valor Investe, projeto do jornal Valor Econômico.

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Heloísa Sanchez