Pitacos sobre marketing para autônomos

Não sou um profissional de marketing, mas já estou "em campo" há alguns anos e, durante esse tempo, experimentei muitas coisas que gostaria de dividir. Por favor, não as tome como regra. Existem muitos caminhos possíveis, e é fundamental que você escolha algum que, de certa forma, combine com sua personalidade e com a maneira como você espera trabalhar.

Torne-se uma referência (mesmo que para poucas pessoas)

No meu caso, a ideia de, algum dia, atuar como consultor financeiro autônomo surgiu em minha mente em 2011. Eu não tinha nenhuma experiência como empresário, mas me parecia lógico que as pessoas ao meu redor só recorreriam aos meus serviços caso:  1) entendessem que o que eu faço é útil e 2) me considerassem uma autoridade no assunto. O primeiro ponto já estava razoavelmente dominado – afinal, todos têm amigos, amigos de amigos, colegas e conhecidos que sofrem com alguma questão relativa ao dinheiro; é um assunto sabidamente importante, e uma ajuda profissional pode ser muito bem-vinda. Então, era no segundo ponto que eu tinha de concentrar minhas forças, e isso me encantava. Eu precisava fazer com que aquelas pessoas que estavam enfrentando questões financeiras me considerassem uma referência no assunto.

Bom, eu não tinha dinheiro para investir em uma assessoria de comunicação, tampouco tinha um grande alcance na internet, mas, acredite, isso não é um grande problema. Em um primeiro momento, talvez você seja levado a pensar que, para conseguir se estabelecer e gozar de algum sucesso, você precisa de uma exposição massiva, hordas e hordas de pessoas loucas pelo seu produto ou serviço.

Respire fundo, dê um passo para trás e entenda que você não precisa de milhares de pessoas (ao menos não no início) apostando na sua carreira. Um número menor de pessoas, que acreditam e gostam verdadeiramente do seu trabalho, é muito mais válido do que uma multidão que simplesmente dá um like na sua página do Facebook, mas não entende muito bem o que você faz.

Frente à impossibilidade de uma ação mais estruturada e parruda, eu tive a ideia de oferecer, da maneira mais despretensiosa possível, um espaço de conversa e esclarecimento de dúvidas sobre o universo financeiro. Nós nos reuniríamos, eu falaria durante 30 ou 40 minutos e em seguida discutiríamos as dúvidas dos participantes. Como o leque de possíveis questões era muito amplo, achei prudente escolher uma temática. Para iniciar, escolhi tratar da popular dúvida sobre comprar ou alugar um imóvel. Avisei os parentes e amigos próximos e postei nas minhas redes sociais. Cobrei R$ 10 por pessoa e utilizei o dinheiro para comprar suco e pão de queijo para todos. Os R$ 300 de aluguel da salinha onde faríamos o encontro saíram do meu bolso.

Era um sábado de manhã chuvoso, minhas mãos suavam, geladas, mas lá estávamos todos nós, eu e mais oito casais, discutindo se valia mais a pena comprar ou alugar. Foi um sucesso. Todos saíram felizes do bate-papo.

Depois disso, repeti a estratégia mais de uma dezena de vezes. Se analisássemos esses pequenos eventos em si, perceberíamos que eu tomei um belo prejuízo. Afinal, a cada encontro, ao invés de lucrar alguma coisa, eu é que acabava por desembolsar os R$ 300 da salinha. Mas esse não é o ponto. Meu objetivo ali não era o faturamento, isso era irrelevante para mim. Minha intenção era me expor. Eu precisava falar em público, precisava que as pessoas me enxergassem como alguém com quem podiam contar para falar de dinheiro. Não precisei de um mailing extenso, não precisei panfletar por aí e muito menos comprar espaço em uma revista especializada.

Minha primeira roda de conversa foi feita com apenas 16 pessoas. Depois disso, quando comecei a prestar consultoria de forma remunerada, meus quatro primeiros clientes vieram, de alguma forma, daqueles pequenos grupos; ou eram participantes ou amigos dos participantes. Mesmo agora, alguns anos depois desse primeiro evento, as pessoas ainda me procuram e dizem: "Amuri, conheci seu trabalho porque o amigo de um amigo frequentou algumas das rodas de papo que você organizava, lá em 2012".

Era muito natural que, durante as manhãs que passávamos juntos, surgissem relações nas quais eu assumia um papel de referência, e era mais natural ainda que essas pessoas comentassem com os amigos a respeito daquele papo sobre grana do qual haviam participado.

Note que a estratégia parte de uma postura de oferecimento e que essa postura só soará legítima e cativante se você tiver bastante clareza a respeito do benefício que seu trabalho pode trazer para seus clientes. Caso contrário, sua fala será vazia e insustentável. Esse ponto, inclusive, deveria perpassar todos os pontos ligados à nossa atuação profissional.

A postura de oferecimento faz com que nos comuniquemos de maneira autêntica, e é exatamente isso que vai nos levar para o próximo ponto.

Faça um marketing absolutamente sincero

Muito sincero. Mesmo. Pense em como você divulgaria seu trabalho para alguém se sua preocupação fosse apenas descrevê-lo.

Treine na frente do espelho, escreva quatro ou cinco versões de um bom parágrafo explicando seu trabalho de uma maneira simples, objetiva e transparente. Só depois disso é que você se preocupa em refinar, em tornar a leitura (ou a apresentação) mais palatável, criando uma narrativa mais sedutora. O objetivo, no início, é simplesmente descrever seu trabalho da maneira mais franca possível. É essa sinceridade e essa simplicidade que devem estar presentes em todas as suas comunicações.

Entregue um serviço indiscutivelmente maravilhoso

A maneira mais inteligente de se fincar no mercado, mantendo um nome sólido, é entregando um serviço excelente, muito acima da média e muito acima de qualquer expectativa.

Trabalhe com expectativas realistas e dedique-se a entregar além do que seu cliente espera.

Quais as chances de um cliente encantado com seu serviço não comentar com alguns amigos a respeito de você?

E esse comentário, isento e idôneo, vale mais do que algumas centenas de reais investidas em ações de marketing, e você só conseguirá essa recomendação sincera se trabalhar bem com estas duas variáveis: expectativas realistas e entrega impecável.

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Heloísa Sanchez